domingo, 10 de janeiro de 2010

A Sereia


























O mar,
mestre dos navegantes,
berço de belos romances,
começo e fim de grandes amores,
guardião do farol solitário,
tem a cor imprecisa dos teus olhos
e o estranho brilho da tua pele
morena.

Ah! O mar me traz tantas saudades.
Ah! O mar, o eterno mar.

Teu riso infantil me dizia
o quanto querias
ser minha no mar,
dois corpos nus rolaram na areia
tendo a noite por testemunha,
e o mar que se abriu para nós
esconde o sol
e as estrelas do céu,
afogando as paixões sem piedade.

Ah! O mar, o imenso mar.
Mar que me mata devagar.

O mar,
casa dos marinheiros,
rota dos barcos de pesca,
lar dos pescadores,
amante de Iara,
tem a cor indefinida dos teus olhos
e o mistério dos teus cabelos
molhados.


O mar
cujas ondas tocam-me a alma,
é o mesmo mar que esconde os afogados.
O mar levou o meu coração para bem longe
e me aprisionou em ilhas distantes,
na ilha da Ilusão,
na ilha da Saudade,
na ilha do Amor,
e todas estas ilhas... distantes de ti,
meu amor,
e dos teus olhos indiferentes
cor do mar.

Quanta saudade eu tenho do mar.
Ah! O mar foi feito para os lunáticos.

O mar,
velho contador de histórias,
numa noite escura e fria,
veio até mim e revelou
onde escondeu o meu amor.
Então, eu caminhei pela praia,
enfrentei as ondas,
entrei nas águas
e fui buscar o teu coração, Sereia,
melancolicamente,
no fundo do mar.


Vicente Miranda

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